Todo fã de Ayrton Senna e da Fórmula 1 na década de 80-90, sabe muito bem que o eterno Senna era apaixonado por velocidade tanto em terra quanto nos céus.
A semana de 1º de maio, deixa uma grande lembrança para os apaixonados do automobilismo sobre a morte de Ayrton Senna no GP de Imola / San Marino em 1994.
MAIS QUE VOAR resolveu trazer a você, uma curiosidade mais atualizada sobre o
Piloto brasileiro Tricampeão de Fórmula 1 com o mundo da aviação.
Filho de piloto de avião, o senhor Milton Guirado Theodoro
da Silva, Ayrton Senna tinha habilitação para voar helicópteros, breveteado em
1993. Ao todo, Senna chegou a acumular 101 horas de voo comandando helicóptero.
Em reportagem para a revista AeroMagazine, o comandante
Nelson da Silva Loureiro, amigo, instrutor e piloto de Senna, lembrou sobre a
última decolagem de Senna pilotando o helicóptero, que aconteceu em 3 de abril
de 1994, ao partir de sua fazenda em Tatuí (SDDL) para o Campo de Marte (SBMT), para disputar o GP de San Marino, praticamente um mês antes do acidente em Ímola, naquele ano.
“Ele voaa seguro, padronizado” – lembrou o comandante Nelson.
Senna conheceu o Comandante Nelson em 1978, quando Nelson
voava para a Transzero, uma transportadora de carros pertencente a um sócio do
pai de Ayrton Senna e que realizava também os voos para a fazenda da família, na época e primeira patrocinadora
do futuro campeão.
Com o tempo e o apoio do pai de Senna, Nelson tornou-se comandante da frota da Transzero e passou a voar também para Ayrton, ainda em começo de carreira.
“Não dava para saber que ele se tornaria o Senna. Na época, a gente pousava em Congonhas e ele sempre me oferecia carona, era caminho. Pois é, quem pode dizer que teve o Senna de motorista, numa perua da Mercedes, aquela azul (risos)?” – brincou o piloto, que continuou trabalhando para a família por mais 18 anos depois da morte de Ayrton. Senna teve outros instrutores, mas Nelson foi o mais próximo.
A agenda de Senna era “tão corrida” que para o piloto de
Fórmula 1 fazer a prova teórica conhecida como “Banca do DAC” (atual ANAC) e a
prova para checar e receber a licença de piloto, foi necessário ter uma “banca
especial” em Brasília, em 1992. O teste prático foi complicado, no meio de uma
negociação dura com a McLaren. O coronel Fiúza, preocupado com a responsabilidade
que tinha sobre os ombros, incluiu manobras como autorrotação a 180 e 360
graus, simulação de pane hidráulica e pouso corrido.
O voo em Tatuí transcorreu sem anormalidades e a licença de piloto de helicóptero, um sonho antigo do Ayrton, saiu” – relatou Nelson Loureiro para revista Aeromagazine.
O sucesso de Senna trouxe formas de adquirir aeronaves para
finalidades de locomover-se de forma rápida ao trabalho e em seus momentos de
lazer, uma dessas aeronaves foi a compra de um Piper Sêneca III, que deu de
presente para o pai que era aviador, como mencionado aqui no começo deste artigo.
A aeronave de matrícula PT-VAZ foi adquirida através de um negócio feito
anteriormente por Senna com uma Mercedes, que trocou o carro de luxo na época
para adquirir a compra do Sêneca III.
Segundo os dados emitidos ANAC (o RAB — Registro Aeronáutico
Brasileiro) o Sêneca III adquirido pelo Senna foi fabricado em 1986 e
atualmente o mesmo avião voa com o mesmo registro, tem como proprietário a
empresa Hahne Locadora de Equipamento LTDA. Será que os atuais proprietários do Sêneca III, matrícula PT-VAZ sabem deste fato curioso?
Já os Helicópteros pilotado e adquiridos por Ayrton Senna,
foram três aeronaves Esquilos, de matrículas: PT-HNY, PT-HYO e PT-HNJ.
A aeronave matrícula PT-HYN, é uma aeronave de
1991, hoje voa como propriedade da North Star Táxi Aéreo, uma empresa
baseada em Fortaleza - CE.
O helicóptero PT-HYN ganhou uma nova pintura, bem diferente da
pintura que Senna tinha adquirido naquela época e bem diferente das pinturas
tradicionais que estavam no auge dos anos 90. Além disso, a aeronave ganhou uma
modernização no sistema de luzes (removendo o farol que era localizado no “nariz”
da aeronave).
O outro helicóptero de Senna foi o Esquilo de matrícula PT-HYO, fabricado em 1993, atualmente voa operacionalmente pela empresa de Táxi Aéreo Helimarte, baseada em São Paulo, no Aeroporto Campo de Marte sendo a JBN Locações a empresa proprietária do -HYO.
A aeronave também recebeu a
pintura tradicional e inconfundível vermelho padrão da companhia Helimarte.
O terceiro Esquilo de Senna foi o PT-HNJ fabricado em 1989.
A aeronave passou a ser propriedade da empresa Viganó Táxi Aéreo, mas em 27 de
agosto de 1998, o -HNJ sofreu um grave acidente com grandes avarias na
tentativa de um pouso de emergência na água após detectar
uma pane no rotor principal em São Gonçalo-MG. Todos os ocupantes neste acidente saíram ilesos.
Um fato bem curioso e marcante com Senna e o PT-HNJ foi em uma
manhã de segunda-feira, o telefone do aeroporto de Angra dos Reis tocou, era Ayrton
Senna, preocupado com o –HNJ. Senna detectou durante check pré-voo que não
acionava o motor devido o “switt bat” dormir ligado e acabou descarregando a bateria. Senna
acionou Wagner Muniz que era responsável pela AUAR (Associação dos Usuários do
Aeroporto de Angra dos Reis), o qual Senna era um dos associados.
“Como irei até São Paulo viajar para Europa para trabalhar? – perguntou Senna ao ligar para Wagner.
“Calma estou indo com uma bateria carregada para substituir em seu helicóptero” – respondeu Wagner para Senna.
Wagner pegou o ultraleve e foi para Porto Galo onde era a
casa de veraneio de Ayrton, enquanto fazia o serviço, Wagner conversava com
Ayrton sobre aviação, dizia que não tinha completado as horas de voo, pois o
preço do combustível estava muito caro. Terminado o serviço acionaram o motor
do helicóptero -HNJ.
“Quanto ficou o serviço?” – perguntou Ayrton à Wagner.
“Não é nada pois você é associado ao aeroporto de Angra dos Reis e você está com as mensalidades pagas em dia está incluso esse tipo de serviço” – respondeu Wagner Nunes.
Ayrton embarcou e foi para São Paulo, quando Wagner chegou outro dia ao aeroporto de Angra teve uma surpresa, Ayrton passou por lá e
deixou 100 litros de gasolina pagos para Wagner completar as horas de voo de
ultraleve que faltava.
Além de helicópteros, Senna também adquiriu em 1990, um jato executivo de categoria médio alcance, o Hawker 800, utilizado também para os deslocamentos durante o Campeonato de Fórmula 1. Segundo informações de dados coletados pela internet, Senna recebeu a aeronave de matrícula N125AS em 11 de setembro de 1990.
Atualmente a aeronave voa com uma nova matrícula N257PL e opera pela Tavaero Jet Charter, uma empresa de Taxi Aéreo com base nos Estados Unidos. Além da mudança de registro, o Hawker que foi de Senna, recebeu uma nova pintura, um novo interior e modernização nas asas ganhando winglet, com isso, o jato executivo ganhou economia no consumo de combustível.
No mesmo ano em que obteve a licença em 1992, Senna decidiu comprar um outro avião. O Comandante Nelson achou na Alemanha, um King Air F90 (parecido com atuais King Air C-90), e foi buscá-lo na Europa. O turboélice recebeu pintura e
interior novos e foi matriculado “PT-ASN”, que tem como “alusão” das letras
iniciais de Ayrton Senna e Nelson. Atualmente o –ASN recebeu um novo esquema de
pintura e está sendo operado por CBF Industria de Gusa S.A. adquirido em 2005,
de propriedade da Empresa de Mecanização Rural Ltda.
A despedida de Nelson com Senna não poderia ser mais simbólica, no dia do enterro de Senna, Nelson voou inesperadamente sobre o cortejo em homenagem ao ídolo pelas ruas de São Paulo.
“Quando vi aquela multidão seguindo o carro do Corpo de Bombeiros, o coração disparou, achei que não fosse conseguir controlar o helicóptero. Tive de inventar uma desculpa para pousar a aeronave o mais rápido possível”.
Além de pilotar os aviões civis Senna voou e pilotou dois
modelos de aviões militares.
Em 1987, esteve a bordo de um caça da FAB (Força Aérea Brasileira), uma aeronave F-5B (aeronave matrícula FAB 4803), do 1º Grupo de Aviação de Caça (1º GAVCA), Senna voou o F-5B com direito a voo rasante ao então Autódromo de Jacarepaguá.
Atualmente essa aeronave recebeu um novo esquema de pintura (verde e cinza camuflada como ao F-5M) e encontra-se no estacionamento do IV COMAR, no bairro do Ipiranga, antes a aeronave estava exposta no Aeroporto Campo de Marte e geralmente ficava de exposição ao público ao tradicional
evento Domingo Aéreo no Campo de Marte, onde poucos sabem que este foi um dos
aviões pilotados por Senna.
Era uma quarta-feira, 29 de março de 1989. Amanhecia dentro das instalações do Esquadrão Jaguar (1º GDA), localizado na então Base Aérea de Anápolis, atualmente Ala 2. Mas não era apenas um dia normal. Dois Mirage III do esquadrão estavam em voo para interceptar e conduzir a aeronave PT-ASN que entrava nos radares de Brasília. A bordo, Ayrton Senna. Ao desembarcar em Anápolis (GO), Senna foi recebido por militares da Base Aérea, do 1º GDA e do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica (CECOMSAER), que havia organizado a visita. Na sede do Esquadrão Jaguar, Senna cedeu entrevistas à imprensa, foi equipado para o voo e recebeu o briefing para embarcar no Mirage III. O comandante do voo foi o Tenente-Coronel Alberto de Paiva Cortes, que havia recém-assumido o Comando do 1º GDA.
“Nós queríamos demonstrar a capacidade do Mirage III, realizar algumas manobras e romper a barreira do som; Senna queria, acima de tudo, sentir a velocidade da aeronave supersônica, porque ele queria sentir a diferença entre pilotar um caça e pilotar um carro de Fórmula 1” – disse o agora Coronel da reserva, quando perguntado do episódio.
No briefing, Senna foi sincero com o Comandante: queria
sentir a velocidade do Mirage III. A altitude inibe a sensação da velocidade e,
portanto, a pedido de Senna, a aeronave deveria voar o mais próximo possível do
solo. Então, as manobras a serem realizadas foram definidas, o campeão passou
pelo simulador, foi instruído acerca dos procedimentos de ejeção e recebeu os
equipamentos de voo: traje anti-gravidade e capacete, auxiliado pelo então
Capitão Aviador Antônio Carlos Moretti Bermudez, atual Comandante da
Aeronáutica. De lá, eles embarcaram no Mirage III biposto, matrícula FAB 4904.
Após deixar o solo, era hora das manobras: aos 36 mil pés
(quase 11 km), o Tenente-Coronel Cortes acelerou até romper a barreira do som e
atingiu a velocidade de Mach 1.4, correspondente a 1.728 km/h. Em um rasante, o
Mirage III chegou a Mach 0.95 (1.173 km/h) - mesmo em comunicação com a equipe
em solo, a velocidade surpreendeu os fotógrafos e cinegrafistas que tentavam
registrar o voo. Ao contrário da maioria dos que não estão acostumados com a
força G, o automobilista não demonstrava enjoo ou abatimento - falava bastante
e mostrava empolgação com a experiência, inclusive recebendo o controle da
aeronave, orientado pelo Comandante do Esquadrão. Foram feitas duas passagens
sobre a Base Aérea e algumas manobras com o caça da Força Aérea. Ao aterrissar,
uma tradição do Esquadrão Jaguar caiu como uma luva para o campeão: ao invés de
“batizar” o piloto com um banho de água, a celebração de praxe do 1º GDA era
abrir uma garrafa de espumante, ato tão repetido por Senna nas comemorações no
pódio da Fórmula 1.
Senna ainda permaneceu com o esquadrão após o voo: trocou
lembranças e recebeu um certificado do voo supersônico, fazendo questão de
levar consigo a tarjeta do macacão personalizada com seu nome e o brevê da FAB.
Ele almoçou na Base e, mais à vontade, conversou com os militares. De acordo
com o relato do agora Coronel da Reserva Cortes após décadas do voo, “uma
personalidade muito agradável, humilde e muito patriota”.
Hoje, o Mirage III matrícula FAB 4904 utilizado em 1989 está
exposto para visitação no Museu Aeroespacial (MUSAL), unidade vinculada ao
Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica (INCAER), localizada no Campo dos
Afonsos, Rio de Janeiro (RJ). Na fuselagem do supersônico, estão eternizados os
nomes dos tripulantes e a data daquele voo.
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Excelente material e descrições!
ResponderExcluirTambém gostei desse artigo. Gosto muito de matérias envolvendo Ayrton Senna. Que pena que partiu tão breve.
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