Continuaremos aqui neste artigo abordando sobre o Boeing 787 Dreamliner – Se você não leu a parte 1, clique aqui.
Em 15 de dezembro de 2009 soubemos que a aeronave realizou o seu voo inaugural e o primeiro voo de teste. O Dreamliner decolou de Paine Field, em Everett, ao norte de Seattle, onde encontra-se a linha de produção da Boeing Commercial Airplanes. Após o primeiro voo, o Dreamliner passou para outros testes, onde foi realizado a maioria dos voos até a certificação de construção, operacional e de aeronavegabilidade.
Os aviões de testes (ZA001, ZA002, ZA003, ZA004, ZA005 e ZA006) foram usados no programa de certificação – que cada um realizaram diferentes testes e alguns destes voaram na Bolívia e na China, onde realizaram os testes de decolagem a grande altitude e muito calor, Canadá (frio) e Estados Unidos (em locais como Glasgow, Montana, onde foram realizadas as medições de ruído).
Como é realizado a Certificação?
A FAA – Federal Aviation Administration (órgão regulador dos EUA) – é quem determina como deve ser, o que deve fazer, para uma aeronave ser certificada para operar e transportar passageiros e/ou carga – isso garante então a confiabilidade e preza pela segurança aérea quanto ao operacional dos clientes e aos passageiros.
As normas da FAA são chamadas FAR (Regulamento Federal de Aviação) e as mais especificas são a 21 e a 25. Esta última é o regulamento que o Boeing 787 deve ser aprovado, só neste contém cerca de 12.500 itens que devem serem atendidos pelo fabricante da aeronave para conseguir com que a FAA emita seu certificado de aeronavegabilidade.
Todos esses itens estão subdivididos em vários pontos dependendo a parte da aeronave e dos seus sistemas. Essas normas indicam os mínimos que devem ser cumpridos para obter a certificação, mas ao mesmo tempo, o fabricante da aeronave pode propor novas formas de testes com a chegada de novos materiais à indústria, métodos, provando que esses testes são validos. A regulamentação não muda tão rápido quanto o desenvolvimento de novas tecnologias.
Para que uma aeronave possa entrar em serviço comercial, seus fabricantes devem obter pelo menos três certificados diferentes por parte da FAA. O primeiro deles é a Certificação de Tipo, o qual assegura que o avião atende a todas as exigências.
O segundo é a certificação de produção, na qual são comprovados os processos de construção realizados pelo fabricante.
O terceiro é o certificado de Aeronavegabilidade, o qual é concedido a cada aeronave individualmente, uma vez verificando que atende ao projeto aprovado e que a sua operação é segura podendo, portanto, ser entregue ao operador.
A FAA está envolvida em todas e cada uma das partes do processo de projeto e testes de um avião com a finalidade de confirmar o cumprimento de todas as exigências ao longo do processo de projeto, fabricação, construção da aeronave, identificação de métodos de testes, determinação das análises a serem realizadas e ensaios em terra e em voo.
A FAA pode chegar a mobilizar até 600 técnicos durante a certificação de um avião como o 787. Eles devem garantir que as normas para a certificação cumpridas e que o fabricante assegure cada um dos processos de produção e a qualidade dos materiais, para que o avião opere de forma segura e que atenda a todas as regulamentações existentes em cada um dos processos envolvidos.
A FAA e a EASA (autoridade europeia) são os dois principais centros de certificação aeronáutica. Basicamente, podemos dizer que, se eles outorgarem o seu certificado, a aeronave está certificada em todo o mundo, pois muitos países seguem suas recomendações. Ambos os centros se baseiam nos mesmos princípios, tanto que é normal que um deles admita ensaios feito sob supervisão do outro, como parte da documentação que o fabricante da aeronave deve entregar e, a cada dia, trabalham mais de forma conjunta.
A Certificação do Boeing 787 Dreamliner
O processo de certificação do 787 começou há vários anos, mais precisamente, em abril de 2003, quando a Boeing decidiu lançar o programa.
Os primeiros itens certificados foram os materiais que formaram o avião. Isso incluiu os metais, a fibra de carbono e outros materiais utilizados.
Uma vez que completou o projeto do avião, todas as peças que faz parte dele (parafusos, fios, chapas de ligas, materiais compostos, plásticos, etc.) foram testados de forma individual. Uma vez terminados os ensaios de resistências e durabilidade, começou a montagem das estruturas.
Um protótipo do 787 DreamLiner durante o teste de resistência e estresse de estruturas. Observem nas flechas o envergamento que o 787 suporta. | Imagem © Boeing. |
Cada uma delas foram testadas novamente. Depois essas estruturas foram testadas em segmentos cada vez maiores, repetindo-se os ensaios a cada passo, até chegar ao avião completo.
No caso do Boeing 787 Dreamliner, foram aproximadamente cerca de 2.300 certificações individuais, de acordo com o programa que a FAA estabeleceu em setembro de 2004, após a análise da petição e documentação enviada pela Boeing.
A aeronave Nº1 (ZA001) foi a que foi apresentada ao público em 8 de julho de 2007 e esse mesmo foi o que realizou o voo inaugural em dezembro de 2009.
Durante os dois primeiros meses de ensaios em voos de testes, foi o único avião a ser utilizado e, com as análises vieram as mudanças que afetaram as aeronaves seguintes, tanto as usadas nos ensaios quanto todas as outras que saíram de linha de montagem até aos dias de hoje.
O 787 Dreamliner e suas variantes
Existem três variantes do Boeing 787 Dreamliner em produção, o 787-8, o -9 e o -10. Houve a variante -3 projetado para viagens curtas, mas cancelada.
O 787-8 – tem capacidade para 242 passageiros e alcance de 13.621 km (7.355 nm). Foi projetado para substituir o Boeing 767-200ER e -300ER e expandir o mercado de voos longos sem escala para novos lugares.
O 787-9 – tem capacidade para 280 passageiros. Apesar de ser 6,1m maior que o 787-8, a largura da asa é a mesma, tem alcance máximo de 14.140 km (7.635 nm), peso máximo de decolagem de 24.700 kg. Foi feito para substituir o Boeing 767-400ER e competir com o concorrente Airbus A330.
O 787-10 – é planejado para ter capacidade de 330 passageiros, com alcance máximo de 11.910 km (6.430 nm). O modelo é feito para substituir o Boeing 777-200, competir com o Airbus A350-900. Segundo a Boeing, o 787-10 é mais eficiente que o Airbus em rotas curtas.
Ordens e Entregas
A primeira encomenda – do Boeing 787 Dreamliner aconteceu em 26 de julho de 2003 quando a ANA – All Nippon Airways, companhia aérea japonesa realizou o pedido de encomenda de 36 Boeings 787 versão -8 e; 44 Boeings 787 versão -9, ambos equipados com motores Rolls-Royce Trent 1000.
Na imagem, o JA801A tocando o solo de Haneda - Tóquio, Japão durante o voo de primeira entrega do Boeing 787 DreamLiner ao cliente lançador, ANA - All Nippon Airways. | Foto © Boeing. |
A primeira entrega – foi um Boeing 787-8 para a companhia aérea e cliente de lançamento ANA, que aconteceu em 25 de setembro de 2011. A aeronave voa com o registro JA801A.
Até este momento, a ANA realizou um total de 83 encomendas pelo Dreamliner (36 versão -8; 44 versão -9 e; três versão -10), sendo 67 já entregues (36 versão -8 e; trinta da versão -9) ainda restando até o momento 16 encomendas não preenchidas (14 versão -9 e; dois da versão -10). *
Desde o lançamento até este momento – a Boeing tem um total de 1441 Boeings 787 encomendados (444 da variante -8; 824 da variante -9 e; 173 da variante -10) sendo que 817 foram entregues aos clientes (360 variante -8; 435 variante -9 e; 22 variante -10) ainda resta 624 entregas não preenchidas (84 variante -8; 389 variante -9 e; 151 variante -10). *
* Estes dados foram analisados até o momento de fechamento deste artigo em 16 de abril de 2019.
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