KC-390, protótipo 0001 (PT-ZNF) em voo sobre a Fábrica da Embraer. Foto © Herbert Monfre. Todos os Direitos Reservados. |
Pela primeira vez no Campo de Marte, em São Paulo-SP, a primeira e maior aeronave cargueira militar da América Latina fabricado no Brasil pela Embraer em parceria com a Força Aérea Brasileira – o KC-390 – protótipo 0001 com registro PT-ZNF estará presente no evento tradicional Portões Abertos, conhecido também como Domingo Aéreo.
A fabricante pretende ainda alçá-lo como substituto para as demais Forças Aéreas que possuem em sua frota essa classe de cargueiro militar.
Missões
- Transporte e lançamento de cargas e tropas;
- Reabastecimento em voo - caças, transporte ou (ISR) e no solo;
- Evacuação Aeromédica (UTI móvel, remoção de feridos);
- Transporte de cargas paletizadas;
- Transporte de veículos leves e médios;
- Ajuda humanitária;
- Lançamento a baixa altura (LAPES - Low Altitude Parachute Extracting System);
- Lançamento de cargas e paraquedistas em todas as altitudes;
- Operação em pistas não pavimentadas e curtas;
- Combate a incêndios florestais.
Existe a possibilidade de serem desenvolvidas versões para fins não militares, que seriam utilizadas na indústria petrolífera, de mineração e transporte de cargas civis.
Ficha técnica Embraer KC-390
Especificações
Dimensões externas
- Envergadura: 35,05 m
- Comprimento: 35,20 m
- Altura: 11,84 m
Dimensões internas do compartimento de carga
- Comprimento máximo: 18,54 m
- Altura máxima: 3,20 m
- Largura máxima: 3.45 m
Pesos e capacidades
- Vazio: 51 000 kg (112 000 lb)
- Máximo de decolagem (MTOW) 67 000 kg (148 000 lb) (missões táticas); 74 400 kg (164 000 lb) (normal) e 81 000 kg (179 000 lb) (transporte logístico)
- Carga útil máxima: 26 000 kg (57 300 lb)
- Combustível nas asas: 23 200 litros (6 130 galões)
- Tripulação: Três (um piloto, um co-piloto e um engenheiro de voo) e oitenta soldados equipados ou 64 paraquedistas (configuração típica)
Desempenho
- Velocidade máxima: Mach 0,8
- Velocidade máxima de cruzeiro: 470 kn (870 km/h)
- Alcance com carga útil máxima: 1 520 m.n. (2 820 km)
- Alcance de traslado: 3 310 m.n. (6 130 km)
- Transferência de combustível: 2 495 km (raio de missão REVO)
- Altitude máxima da operação: 36 000 ft (11 000 m)
- Distância de decolagem: 1 100 m (missões táticas); 1 300 m (normal) e 1 630 m (transporte logístico)
Estrutura
- Fator de carga: 3,0 g (missões táticas em pista semipreparada); 2,5 g (normal) e 2,25 g (transporte logístico)
- Pressurização: 7,6 psi (52 400 Pa)
Propulsão
- Dois Turbofans Pratt & Whitney IAE V2500-E5 - 31 330 lbf (139 400 N) de empuxo cada.
Sistemas e equipamentos
- Sistema de emergência de geração elétrica, fabricado pela Safran Hispano-Suiza
- RWR / chaff & flare (sistemas de autodefesa)
- DIRCM - Directional Infrared Countermeasures (sistemas de autodefesa)
- Sistema de reabastecimento em voo
- Sistema HUD duplo
- Iluminação da cabina compatível com sistemas de visão noturna
- Sistema de cálculo preciso do ponto de lançamento de carga
- EEPGS – Emergency Electric Power Generator System (Sistema de emergência de geração de energia elétrica) do tipo RAT (Ram Air Turbine)
KC-390, protótipo 0001 (PT-ZNF) em voo sobre a Fábrica da Embraer. Foto © Herbert Monfre. Todos os Direitos Reservados. |
Histórico de desenvolvimento
O projeto do KC-390 foi anunciado pela primeira vez na feira de materiais de defesa Latin America Aero & Defence (LAAD), no Rio de Janeiro no ano de 2007. Na edição de 2009 do mesmo evento foi anunciado formalmente o lançamento do programa.
A aeronave é equipado com dois motores turbofan Pratt & Whitney, modelo IAE V2500-E5, com empuxo de 31 330 lbf (139 400 N) cada. Utiliza a tecnologia fly-by-wire em sua aviônica e tem capacidade para transportar 23 toneladas de carga, inclusive veículos.
Em outubro de 2008, o Congresso Brasileiro aprovou o uso de cerca de R$ 800 milhões pela então EMBRAER para o desenvolvimento da aeronave. Essa verba seria liberada pela FAB via aval do Executivo.
No início de março de 2009, o Executivo Brasileiro anunciou um investimento inicial entre R$ 50 e R$ 60 milhões. Esse montante representava cerca de 5% do custo de desenvolvimento. Enquanto a empresa não fechava outras parcerias, a FAB preparou a proposta de compra de um lote de 30 unidades (incluindo os dois protótipos). O valor deste primeiro contrato deveria chegar a US$ 1,3 bilhão, em um mercado estimado pela fabricante em no mínimo US$ 20 bilhões.
Ainda em março de 2009 o Governo brasileiro, durante as turbulências da economia mundial, reiterou investimentos no projeto, a fim de garantir empregos na fabricante brasileira e dotar a Força Aérea Brasileira com o novo equipamento. Até novembro de 2012 o projeto da nova aeronave já havia criado mil oportunidades de trabalho dentro da própria Embraer, com a recém criada Embraer Defesa e Segurança.
Em março de 2013, a Força Aérea Brasileira e a Embraer Defesa e Segurança concluíram a Revisão Crítica de Projeto (CDR) da aeronave.
Após cinco anos de desenvolvimento, foram concluídos os modelos para integração de todos os sistemas da aeronave e simulações de voo, realizadas em mock-up (simuladores em tamanho real da cabine de comando).
O desenvolvimento do projeto e a produção, envolvendo a integração de tecnologias, sistemas eletrônicos e aviônica foram de responsabilidade da Embraer Defesa e Segurança, unidade da Embraer criada no início de 2011, sediada na cidade de Gavião Peixoto.
O desenvolvimento do KC-390 contou com R$ 4,5 bilhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Além do apoio ao programa, o PAC também investiu entre 2011 e 2014, R$ 5,5 bilhões em programas militares da Marinha e Aeronáutica.
A Embraer assinou com o governo brasileiro em 20 de maio de 2014 o primeiro contrato para produção em série do cargueiro KC-390, em um negócio estimado em R$ 7,2 bilhões, que incluía suporte logístico, peças sobressalentes e manutenção.
Parcerias
Para o desenvolvimento e produção da aeronave, a Embraer firmou parcerias com a Argentina, Portugal e República Tcheca. A empresa brasileira fornece a seção dianteira da fuselagem com a cabine de pilotagem, asas, seção intermediária da fuselagem e estabilizadores vertical e horizontal. Executa também a integração dos comandos de voo, softwares, aviônica e equipamentos como os trens de pouso, que também produz, através de sua subsidiária Eleb. A Argentina fornece as portas do trem de pouso dianteiro, porta dianteira direita, parte da rampa de acesso traseira, flaps e cone de cauda. Portugal fornece a seção central da fuselagem, sponson e portas do trem de pouso principal e leme de profundidade. A República Tcheca fornece a porta dianteira esquerda, portas traseiras, parte da rampa de acesso traseira e seção traseira da fuselagem.
Protótipos e início da produção
Dois protótipos foram previstos no programa de desenvolvimento, montados na unidade Embraer Defesa e Segurança em Gavião Peixoto, no interior do estado de São Paulo. O primeiro protótipo (PT-ZNF) foi apresentado em 21 de outubro de 2014 e voou pela primeira vez em 3 de fevereiro de 2015. Em fevereiro de 2016, o primeiro protótipo havia cumprido mais de cem horas de voo.
A montagem do segundo protótipo (PT-ZNJ) foi concluída em março de 2016 e voou no dia 28 de abril.
Em 21 de junho de 2016, a FAB e a Embraer realizaram com sucesso o primeiro lançamento de paraquedistas.
O cronograma de desenvolvimento do KC-390 sofreu atraso de dois anos, por conta de restrições orçamentárias governamentais. A certificação e as primeiras entregas para a FAB foram previstas para 2018. O segundo país a receber a aeronave será Portugal.
Em fevereiro de 2017, foi iniciada a produção em série na unidade da EDS em Gavião Peixoto.